Família Hosken
Livro Edward Hosken: Sua Vida e Sua Gente
O livro Edward Hosken: Sua Vida e Sua Gente conta em forma de romance a história do inglês minerador Edward Hosken que desembarcou no Brasil no século XIX e, na colonial Catas Altas do Mato Dentro, viveu sua história de amor com Maria Magdalena Mendes Campello. A obra conta a luta contra o preconceito religioso que tentava impedir o amor do casal e a origem da família Hosken no Brasil.
No contar o amor deste romance, reviveremos também os hábitos e
costumes de nossos antepassados nas sociedades em que viveram...
CAPÍTULO I-A HISTORIA DO SOBRENOME HOSKEN (VERSÃO EM INGLÊS, TRADUÇÃO EM PORTUGUÊS) (Tradução da “ The Ancien History of the Distinguished Surname Hosken” )
Feita pela tradutora: Maria Luisa Figueiredo Dias, tataraneta de Edward Hosken
A história
do mais antigo sobrenome anglo-saxão HOSKEN, data desde os registros da raça
saxônica. O registro saxônico feito
pelos monges no século X, encontram-se atualmente no museu Britânico.
Pesquisadores
históricos examinaram as reproduções dos manuscritos antigos, tais como o livro
Domesday ( 1.086 ) o Registro Ragman ( 1.291 - 1.296) o Registro Régis da Cúria, o Registro Pipe, o
Registro Hearth, registros paroquiais de batismo, apontamentos relativos a
taxas, impostos e outros documentos antigos.
Eles encontraram a primeira escrita do nome HOSKEN em Hereforshire, onde
se estabeleceram há muitos séculos atrás, alguns bem antes da região ser
conquistada pelos normandos e da chegada do Duque de Willian a Hastings, em
1.066 D.C.
Foram
encontradas pelos pesquisadores, diferentes maneiras de se escrever este
sobrenome HOSKEN, que aparece em muitos registros, documentos e manuscritos, ao
longo dos séculos.
Através
dos tempos, este sobrenome foi escrito como Hosken, Hoskyne, Hoskin,
Haskin, Haskins, Hasken, Haskyn, Haskyns
e estas variações na escrita aconteciam entre pai e filho.
Os escribas e as autoridades da Igreja, sempre viajando distâncias
muito grandes, até para outros países, freqüentemente soletravam os nomes
foneticamente (pelos sons), resultando que a mesma pessoa podia ser registrada
de maneiras diferentes ao nascer, ser batizadas, ao casar e morrer, assim como
em vários outros acontecimentos da vida.
A raça
saxônia deu origem a muitos sobrenomes ingleses.
Os saxões
foram convidados para virem para a Inglaterra pelos antigos bretões, no século
VI.
Um povo de pele clara, que habitava o vale do
Reno; alguns bem distantes, como no Nordeste da Dinamarca.
Eles foram
levados para a Inglaterra, por dois irmãos: General-Comandante Hengiste e
Horsa.
Os saxões
estabeleceram-se no Condado de Kent, na costa Sudeste da Inglaterra.
Gradualmente
eles se espalharam para o Norte e o Oeste e durante os quatrocentos anos
seguintes, forçaram os antigos bretões a voltarem para o País de Gales e
Cornwall, no Oeste e Cumberland ao Norte.
Os anglos
ocupavam a costa Leste em um povoado ao Sul, em Surffolk e outros ao Norte, em
Nortfolk.
Sob o
domínio saxônico, a Inglaterra prosperou com uma série de reis dignos, sendo
Harold o último deles.
Em 1.066,
ocorreu a invasão dos normandos vindo da França e sua vitória na Batalha de
Hastings em 1.070.
O duque
William levou um exército de 40.000 homens para lutar ao Norte, devastando os
condados e forçando muitos nobres rebeldes normandos e saxões a refugiarem-se
na fronteira com a Escócia.
Entretanto,
os saxões que ficaram no Sul, não foram bem tratados pelo domínio normando e
muitos deles mudaram-se em direção ao Norte para a
“ mídlands
“ ( terras do meio ) Lancashire e Yorshire, fora da opressão dos normandos.
Ainda
assim, os HOSKENS, notável família inglesa, emergiu como um nome influente no
condado de Herefordshire, onde eles foram registrados como uma família muito
antiga, cujos membros eram reconhecidos como senhores feudais e de grandes
patrimônios.
Primeiramente
eles foram registrados como HOSKIN em Herefordshire, onde foram agraciados com
títulos de “Lords” com feudos e
propriedades.
Mais tarde
ramificaram-se para Harewood, no mesmo condado, e para Wroxhall Abbey em
Warwickshire, para Highan em Cuberland, e posteriormente para Somerset na
Cornualha, onde foram registrados em Bartons, na paróquia de St. Enedor.
Sir
Hungefrod Hoskins de Harewwod, foi um filho desta família que descendia pelo
lado materno, do célebre Sir Chistopher Wren.
Na região
de Lancashire, o nome era geralmente registrado como HASKINS.
Notáveis
no seio desta família foram os HOSKINS de Hereford.
O
sobrenome HOSKEN floresceu durante a turbulenta Idade Média, contribuindo
enormemente para o desenvolvimento cultural da Inglaterra.
Durante os
séculos: XV, XVI, XVII e XVIII a Inglaterra foi assolada por pragas, fome e
conflitos religiosos.
O
Protestantismo e o recente estabelecimento do fervor político do Cromwellianis,
levou o governo democrático e os remanescentes da Igreja Católica a rejeitarem
todos que não fossem crentes e cada um reivindicava com intolerância, adeptos
para suas próprias causas.
A mudança
de domínio causou perseguições, tais como: Pessoas enforcadas, queimadas ou
banidas, não importando de que seitas ou credos fossem: Primeiro de um lado,
depois do outro.
Muitas
famílias foram livremente encorajadas a mudarem para a Irlanda ou para as
colônias.
Algumas
famílias foram forçadas a emigrarem para a Irlanda, onde se tornaram conhecidas
como “Aventureiras à procura de terras na Irlanda “
Os
colonizadores protestantes comprometeram-se a manter a fé, sendo-lhes dadas
concessões de terras, anteriormente pertencentes a irlandeses católicos.
Não existe
evidência de que a família HOSKEN tenha se imigrado para a Irlanda, mas isto
não exclui a possibilidade de que tenham imigrado isoladamente para este país.
O novo
mundo oferecia melhores oportunidades e alguns imigravam voluntariamente;
outros foram banidos, a maioria por problemas religiosos.
Outros
deixaram a Irlanda, desiludidos com promessas infundadas, mas muitos saíram
diretamente da Inglaterra, e sua terra de origem.
Outros
mudaram para o continente europeu.
Membros da
família HOSKEN atravessaram o tempestuoso Atlântico navegando a bordo da enorme
armada de três embarcações à vela e mastro, conhecidas por “White Saits“ ( barcos brancos ).
Estes
navios: O Hector, o Dove e o Rambler, abarrotados de gente, foram atingidos por
pestes e tempestades, que dizimaram 30% a 40% de seus passageiros, que não
chegaram a atingir os seus destinos.
Entre os
primeiros colonizadores da América do Norte, que poderiam ser considerados
membros desta família HOSKEN há um enorme contigente de nomes.
Foram
encontrados entre eles:
Bartholomew Hoskins estabelecido na
Virgínia em 1,626.
John Hoskins e sua família, estabelecidos
em Nantasket, em 1.630.
Nicolas Hoskins e família, também
estabelecidos na Virgínea em 1.623.
Edward Hoskins estabelecido na Virgínea
em 1.675.
John Haskins estabelecido na Virgínea em
1.653.
Lewis e Edward Haskins, estabelecidos em
Barbados em 1.654.
Thomas Haskins estabelecido na Virgínea
em 1.654.
Pelo porto
de entrada, muitos colonizadores fizeram o caminho para o Oeste, ajuntando as
suas carroças em comboios para as planícies ou para a costa Oeste.
Durante a
guerra da independência da América, muitos colonizadores ainda leais à
Inglaterra, foram para o Norte, com destino ao Canadá, isto por volta de 1.790,
e se tornaram conhecidos como: “United Empire Loyalists” (Império Unido dos Leais ).
Entre os
notáveis contemporâneos do sobrenome
HOSKEN , inclui muitos colaboradores da ciência, como o cientista
americano, Caryl Haskins; o Procurador americano George Haskins, o biologista
Reginald Haskins; Sir Benedict Hoskins; o professor William Hoskins.
Mais
antigo brasão concedido a esta família, expõe: Nas cores vermelha e azul, um
escudo cortado por uma barra de ouro, com três flores vermelhas sobre o fundo
amarelo.
Sobre o
escudo, a cabeça de um elmo na cor cinza e sobre ela, um pequeno leão na cor
ouro.
Enfaixando
o elmo e o escudo dois pendões superiores e 2 inferiores nas mesmas cores,
vermelhas e azuis.
O timbre é
uma cabeça de galo.
A divisa
mais antiga deste distinto sobrenome é: “VIS UNITA FORTIOR”
Isto é: “A
UNIDADE DO PODER DÁ MAIS FELICIDADE”.
Ver no anexo nº 1 o brasão da família
Hosken.
Ver no anexo nº 2 a cópia do original
em Inglês,
A HISTÓRIA DO SOBRENOME HOSKEN
Observação:
A família HOSKEN é tão conhecida na Inglaterra que procurada uma “Heraldic Shop” de nome HERALDY OF MAYFAIR na
White Horse Street - London W1V 7LA, a
proprietária da loja fez um croquis sem estar com o brasão na mão, um desenho
fiel, tal como no pergaminho original
existente do brasão da família Hosken.
CAPÍTULO II - ÉPOCAS E RAZÕES HISTÓRICAS
Desde os remotos tempos, conforme os anais históricos,
antes mesmo do advento das civilizações ocidentais, os homens andavam a cata do
ouro, prata e pedras preciosas.
O povo egípcio enterrava seus reis considerados deuses,
em sarcófagos de ouro, e ao seu lado, preciosos objetos de valores
inestimáveis.
Salomão, filho e sucessor de David e de sua mulher
Bethsabé, (1.082 a 975) AC.- levou l3 anos para terminar seu palácio que
recoberto com revestimentos de pedras e Cedro do Líbano, ostentava com
incrustações de ouro, o luxo e a magnitude do seu poder e da sua glória.
A rainha de Sabá, sabendo dos seus feitos materiais,
atravessou a Ásia de Sul a Norte para conhecê-lo e manifestar sua vassalagem.
Os reis da terra e seus vassalos de Ofir e de Golconda trouxeram quatrocentos e vinte
talentos de ouro, além de madeira do sândalo para o rei dos reis.
A rainha de Sabá não podia ser menor que o rei de
Hirão em sua prodigalidade bajuladora.
Levando em sua caravana, camelos carregados,
presenteou ao rei israelita com essências de aromas afrodisíacos e uma grande
quantidade de ouro e pedras preciosas.
Encantada com a sabedoria do rei e da sua casa
levantada com tanto esmero, via naquele rei um poder sobrenatural e deu a ele
de presente l20 talentos de ouro.
Aquela rainha do sudoeste da Ásia. Bajulava com bens
materiais o que Salomão necessitava para construir os seus domínios.
A opulência do israelita crescia a cada ano com 660
talentos que se ajuntavam aos seus
tesouros.
Seu trono de marfim revestido de ouro era guardado
por figuras de leões, que simbolizava o rei dos animais.
As baixelas palacianas brilhavam ao esplendor do
metal amarelo e da prata.
Os reis e os homens sonhavam com as fabulosas
riquezas, tentando enriquecerem-se como Creso e Salomão e em suas fantasias
buscavam tesouros tais como: O Velocino de Ouro da Colchida, procurado por Jasão.
Os jardins
das Hespérides onde abundavam árvores com frutos de ouro e que Hércules teria
colhido.
Das ilhas de Crise e Argira, eram mineradas
pepitas de ouro e prata.
Creso, o último rei da Lídia nos anos 560 AC. encheu-se de fabulosa riqueza com as areias
de Pactolo, e o mundo reverenciou-lhe como a mais rica criatura de seu tempo.
Através da evolução mundial, o ouro, a prata e as
pedras preciosas tornaram-se imprescindíveis ao homem.
Projetos de venturosas
viagens preparavam os espíritos para encontrarem as casas feitas de ouro puro, citadas por Marco Pólo .
Onde se encontrava o fabuloso e decantado Eldorado?
Depois da descoberta da América por Cristóvão
Colombo, o navegador viu com muita alegria os enfeites dos indígenas nas
orelhas e narizes; puro ouro embelezando as criaturas do Novo Mundo.
Era ali o El Dorado?
Desde então, de Leste a Oeste das Américas, começou
a busca do ouro e da prata.
No Brasil, os portugueses levaram quase 200 anos
para encontrarem depois do descobrimento, o cabedal de riquezas do seu subsolo
dadivoso.
Escondidas atrás das cadeias de montanhas que
impediam a penetração, os portugueses iam fundando núcleos de populações junto
ao litoral, para mais tarde fincarem as bases de uma penetração ordenada de
gente mestiçada ao índio.
As matas e as tribos das nações indígenas,
principalmente a Tupi e Guarani, amedrontavam o invasor português.
Em fins do século XVII, começaram as expedições
exploradoras do que podia conter o vasto solo desta parte da América;
afugentando os bugres donos do território...
Precisamente em l.682, frei Pedro de Souza deu
início a caminhada rumo aos sítios auríferos;
abrindo picadas na serra de Biraçoiba, ( Sorocaba ) em rumo das
propaladas minas que se dizia abundantes nas gerais.
O governador da província de São Vicente, instalada
na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, Antônio Pais de Souza recebeu
ordens para averiguar as minas de ouro e prata de Parnaguá, Itabaiana e
Sabarabuçú.
O imenso território a vasculhar, não permitia o
cumprimento das ordens reais, nem ao seu sucessor, o Mestre de Campo André
Casasco.
O isolamento imposto pela topografia acidentada e as
grandes matas, tornavam inacessíveis as penetrações exploratórias.
Além dos aspectos físicos adversos, os bugres
sentindo-se ameaçados, resistiam às penetrações pelo interior.
Para que houvesse uma conquista efetiva do
território das minas, eram necessárias expedições bem urdidas e com capital
suficiente para as longas jornadas.
Saindo atrás do ouro e das pedras preciosas, Fernão
Dias Paes embrenhou-se pela serra da Mantiqueira, vagueando serras e rios e
devassando as bacias e divisores delas.
Varando os campos dos Cataguases sem a preocupação
de assentar moradias, seguiram a ele os
bandeirantes pelo Sertão bravio.
Fernão Dias já ouvira falar da resplandecente
“Sabarabuçú“ e caminhava com sua gente paulista rumo a serra decantada.
Com o mesmo cismar aventureiro, José Gomes de
Oliveira e seu companheiro Vicente Lopes, saem do vale do Paraíba indo a
caminho das distantes nascidas do Rio Doce.
As contínuas invasões dos brancos colocavam em
sobressalto a segurança dos primitivos donos das terras.
Antônio Rodrigues Arzão, em 1.692 vasculha com os
seus 50 homens a mesma região das gerais, indo parar no rio das Cascas, plena
zona da fechada mata..
Enchendo alforjes de ouro, desce pelo rio desaguando
nas corredeiras do Rio Doce.
A via navegável e fácil empurra o
aventureiro paulista que consegue chegar a antiga Capitania do Espírito Santo.
Com o roteiro do caminho do ouro, o desbravador
Arzão passa o traçado do mapa ao seu cunhado, Bartolomeu Bueno de Siqueira.
Seguindo o mapa, Bartolomeu parte para sua “via
cruxis” em 1.694, tomando o rumo de Leste para Oeste, caminho que jamais seria
esquecido pelos desbravadores.
Antonil, abrindo picadas com seus companheiros
preadores de índios, chegaram ao serro do Tripuí.
Experimentando bateadas, as gamelas afundavam nos
leitos dos rios de águas frias e voltavam com granitos amarelados, porém
encardidos demais para sugerir que fossem de ouro.
Desconfiados, mandam para Taubaté as amostras do
minério amarelado para serem examinadas.
O governador Artur de Sá Menezes, também recebe
amostras da descoberta; no exame, revela-se ouro puro, apesar da cor preta.
“Ouro preto” diziam os faiscadores para diferençarem
dos metais amarelados das outras jazidas que iam sendo descobertas nas gerais.
Em 1.697 estava descoberto o caminho do ouro e o
acesso às fabulosas minas de Vila Rica.
Dois anos antes, em 1.695, o taubateano Salvador
Fernandes Furtado, chegara ao ribeirão do Carmo e juntamente com os faiscadores
Carlos Pedroso da Silveira e Bartolomeu Bueno, iniciam a ocupação exploratória
das ricas jazidas do centro do Brasil.
Começa neste ano, o período que ficou famoso na
história do Brasil e de Portugal, o chamado:
“CICLO DO OURO”
Outro ilustre taubateano e bandeirante, Antônio Dias
consegue juntamente com o padre João de Faria, fundar do outro lado do morro, o
vizinho arraial de Antônio Dias.
A descoberta do ouro na região provocou a atração de
paulistas de estirpe para a região do Itacolomí.
Os Borges, Pires, Camargos, Pedrosas, Alvarengas,
Godoys, Cabrais, Cardosos, Toledos, Pais, Guerras, Furtados, Bicudos e
Pereiras; este último vindo de Portugal, com passagem por Pernambuco.
Quando o governador Artur de Sá tomou conhecimento
das ricas descobertas da região, deu-lhe o nome de Minas dos Cataguases.
Nome que qualificava a região das minas por seus inúmeros
minérios e a planta predominante do Planalto Central.
O Cataguá é planta da família das rutáceas (
Netroderes pubescens ) muito comum nos altos das Gerais.
Do nome desta planta, vem a origem dos habitantes
indígenas que ocupavam a região, os Cataguases.
O primeiro Guarda-Mor nomeado por Artur de Sá para
governar as minas dos Cataguases foi o mestre-de-Campo Domingos da Silva Bueno,
capitão da cavalaria estacionada em São Paulo.
Transferido às minas das Gerais, ele representava
oficialmente o governador da Capitania, preterindo o herdeiro natural de Fernão
Dias Pais, que deveria ser o indicado.
Sua guardamoria abrangia extenso território, cujas
riquezas estavam sob sua tutela.
A ele cabia conceder datas e divisões de terras
demarcadas por espigões de montanhas, rios e ribeirões, além de dirimir dúvidas
de apropriações e dos garimpos.
Cumprindo as determinações regimentais da corte,
trazidas por D. Rodrigo de Castelo Branco.
Sucedeu a Domingos Bueno, o Guarda-Mor geral das
minas. Garcia Rodrigues Pais, nomeado em l5 de Abril de l.702; entretanto,
vamos comprovar sua posse, somente em 27 de setembro de l.725.
Garcia Pais deixou em Minas, uma das maiores
famílias espalhadas em seu território e é deste tronco que surge na sua
descendência, Josefina Bruzzi de Andrade, que em 1.953 casa-se com Carlos
Hosken Ayres, bisneto do personagem deste livro, o inglês EDWARD HOSKEN.
Abrindo picadas para o futuro “CAMINHO NOVO”,
ligando a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro à Vila Rica, ele Garcia
Pais, foi deixando suas raízes fincadas no imenso território conquistado.
Nasciam através do Caminho Novo, as primeiras
povoações; geralmente as margens dos rios onde os portugueses faiscavam o ouro.
Com o acesso do novo caminho, o ouro atraia
forasteiros que começaram a chegar nas vilas recém-fundadas.
O bandeirante Domingos Borges atravessando para o
outro lado da Serra do Caraça, descobre vestígios do metal nos córregos que
nasciam naquela serra, 3º ano do século XVIII; e no ano de 1.703 é fundado o
povoado com o nome que ainda hoje conserva; CATAS ALTAS, dado por outro
bandeirante, Manoel Dias.
Os antigos povoadores da região das minas se sentiam
espoliados com as levas de paulistas que começaram a chegar na busca do enriquecimento fácil nas catas encontradas.
As disputas das lavras eram benéficas à Coroa, porém
perigosas a tranqüilidade dos pioneiros que surgiam.
A beligerância entre paulistas e emboabas,
(portugueses) há mais tempo radicados na região das minas, deu ensejo a que: D. Antônio
Albuquerque Coelho de Carvalho, fizesse criar uma nova Capitania denominada,
CAPITANIA DE SÃO PAULO E AS MINAS DE OURO, na data de 9 de Novembro de 1.709.
Sua administração bem planejada e sucedida revela-se
progressista nos anos de 1.710 e l.711, ao socorrer a cidade de São Sebastião
com a expedição de uma tropa militar contra os invasores franceses da
Guanabara.
Um exército de 4.000 homens armados e bem treinados
por ele, foi enviado em defesa da cidade contra o corsário francês, Jean
François Duclerc.
O Caminho Novo aberto por Garcia Pais, facilitara o
socorro à cidade aberta de São Sebastião. Os franceses já haviam saqueado a
cidade, libertando seus patrícios prisioneiros da expedição de Duclerc,
assassinado em l8 de março de l.711.
O comandante em substituição a Duclerc,
Duguay-Truin, temendo permanecer na cidade saqueada, aceitou um resgate imposto
por ele, num montante de 610 mil cruzados e zarpou com a frota carregada de 200
bois e l00 caixas de açúcar, pilhagem avaliada em 12 milhões de cruzados.
Salva a cidade, seu povo pagou caro pela tosquia
francesa, além dos recursos que depois tiveram que levantar para defendê-la.
Apesar dos ataques corsários, a colônia portuguesa
se expandia e enriquecia, graças á abundância do ouro das minas centrais das
gerais.
A corrida do ouro, foi multiplicando as datas dos
leitos dos rios e das encostas, florescendo as povoações e as vilas como as do:
Carmo, Vila Rica, Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará.
No caminho que ligava estas cidades, surgiam os
arraiais que enchiam de gente forasteira, fazendo do território central do
Brasil, o mais denso em povoação.
Como fogo lastrando morro acima, os portugueses
invadiam o território através do caminho recém aberto por Garcia Pais.
Ao derredor das vilas do Carmo e Vila Rica, cresciam
novos arraiais rumo a Leste e a Norte.
Uns seguindo os afluentes do Rio Doce, outros os do
Rio das Velhas.
Assim nasceram as povoações de Camargos,
Inficcionado, Bonfim do Antônio Pereira e por baixo da serra do Caraça, o povoado de Catas Altas do Mato
Dentro.
Por trás da serra, o divisor de águas que o
Espinhaço e a Mantiqueira dividem tão bem as bacias centrais.
Ricas serras de abundante fartura de nascentes e de
minérios de ferro e ouro, onde vieram alojar os colonizadores portugueses e os intrépidos bandeirantes.
Matas fechadas com bacias caudalosas, onde o bugre
erguia sua taba na fartura da pesca e da caça.
Terras de grupos indígenas; Tupís e Guaranís
predominavam em número e se fartavam do solo rico.
Local que, 138 anos depois da sua descoberta, o
inglês Edward Hosken veio minerar e encontrar a companheira definitiva de sua
vida, Maria Magdalena Mendes Campello.
Catas Altas como o próprio nome define, era um
povoado de catas a grandes altitudes.
Nesta localidade antiga e uma das primeiras de Minas,
nasce esta história.
O Ciclo do Ouro nas Minas Gerais foi o fator
impulsionador da colônia portuguesa e conseqüentemente, a formação social de um
povo particularmente diferente dos demais brasileiros; sem contudo
descaracterizar o arcabouço lusitano de que foram formados.
O maior desenvolvimento do Brasil Colonial, coincide
exatamente no chamado Ciclo do Ouro, que se inicia no ano 1.715 e vai terminar
o apogeu 100 anos depois.
O que representava o ouro nas trocas cambiais,
colocava sua exploração mineradora na crista dos empreendimentos mais
lucrativos da época.
Portugal, nação pequena e pouco produtiva sem os
recursos naturais, estava inteiramente vassalo do poderoso e rico Império
Britânico, que não possuía a mesma tecnologia dos navegadores lusitanos,
formados na Escola de Sagres.
Além da vassalagem ao trono britânico, Portugal em
luta franca com a Espanha sua vizinha, disputava as terras descobertas das
Américas; para tanto necessitava de aliados nas suas questões internacionais, o
que submetia os reis de Portugal, a um comércio subserviente da poderosa
Inglaterra, além da obediência que o submetia ao Papa, juiz supremo das
contendas internacionais.
O ouro da capitania das Minas Gerais transformou
mapas e alargou fronteiras, dobrando o território demarcado pelo Tratado de
Tordesilhas em l.494.
Se perdemos o ouro aliciador de opiniões e
arbítrios, ganhamos as terras de além Tocantins, indo esbarrar nossas
fronteiras nos contra-fortes dos Andes.
A divisa geográfica do Tocantins, limitando as
terras de Portugal e Espanha, graças ao ouro e ao espírito argucioso dos reis
lusíadas, foi ultrapassada, dobrando o território demarcado, mercê da
habilidade de D. João II.
E foram graças as minas desta terra, que Portugal
pagou o investimento territorial.
Ao pioneirismo dos primeiros desbravadores que
abriram picadas, caminhos e roças buscando o ouro e pedras preciosas,
juntaram-se mais tarde os tropeiros, mascates, roceiros, preadores de índios e
os religiosos.
Nesta leva, surgiram no seio das Minas Gerais as
famílias:
ALEXANDRES, ALVES DA SILVA, COTTAS, FERREIRAS
GUIMARÃES, FIGUEIREDOS, GONÇALVES, LACERDAS, LOURENÇOS, MARTINS, MENDES
CAMPELLO, MOREIRAS FIGUEIREDO, MONTEIROS DE OLIVEIRA, PANTALEÃOS, PENAS,
PEREIRAS DA CUNHA, SOUZAS, SOUZAS COUTINHO, RODRIGUES, TEIXEIRAS, VASCONCELOS,
VIEGAS E VIEIRAS.
Uns buscando enriquecimento fácil nas lavras e no
comércio, outros plantando roças para abastecimento dos demais.
A abundância do ouro gerou a prosperidade,
revolucionando os costumes dos faiscadores e com ela o poder removendo
montanhas e materializando o homem.
O senso da moral perdia-se nas depravações das
senzalas, onde o branco encontrava o prazer na mulher de cor, objeto de sua
propriedade.
O peso do pecado era redimido nos confessionários a
preço do ouro e dos diamantes; os nababos lavavam os seus pecados como se
lavassem ouro nos garimpos.
A igreja crescia e enriquecia na medida que a
libertinagem campeava solta nas senzalas; os padres sempre severos com suas
penas materiais desfaziam os danos morais e espirituais com as espórtulas
generosas dos senhores de escravos.
As irmandades religiosas além do status, escondiam
as máscaras das lascividades, corrupções e fraquezas humanas.
Com isto o patrimônio da igreja aumentava com
suntuosas igrejas e capelas e paralelamente, a arte barroca mineira,
impulsionada pelos mestres trazidos de Portugal e de toda a Europa para
construí-las.
A fé que fora sempre a alavanca condutora das
grandes realizações artísticas, também era uma das razões da unidade
territorial.
Se os emigrantes pioneiros vinham pela atração da
riqueza do solo, os que seguiram usando as mesmas picadas, vinham fundar as
bases do futuro de uma nação.
Fixando-se nas lavouras, comércio e industrias, tornavam-se
fundadores dos primeiros povoados e vilas das Alterosas.
Graças às descobertas das minas de ouro e diamantes,
o povoamento do interior da Capitania de Minas Gerais foi rápido e progressivo.
A mineração transformou a economia brasileira, se é
que podíamos chamar com tanto ufano nacionalista, uma colônia pertencente á
Portugal.
Novas capitanias foram criadas e expandiram-se sob a
égide do ouro.
Com o progresso das riquezas minerais, o eixo
econômico canavieiro do nordeste, transferiu-se para a região Centro-Sul
dominado pelas minerações.
A partir de l.763, a capital colonial passou a ser
sediada na cidade de SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO, trocada pela velha SÃO
SALVADOR da Bahia, por ordem do Marquês de Pombal.
Com o crescimento e a expansão da colônia, o rei de
Portugal preocupava-se com a administração das regiões onde o
garimpo predominava.
Criando ou incentivando formações de novas vilas
tais como: MARIANA, OURO PRETO, SABARÁ, CAETE, DIAMANTINA E SERRO FRIO; as
pedras preciosas e o ouro empurravam cada vez mais os bandeirantes para o interior
da colônia.
Como o ouro era aluvial, os faiscadores seguiam os
leitos das bacias dos rios, indo de encontro as pepitas sonhadas e de
fácil cata.
Em cada mineração aberta, surgia um povoado as
margens dos rios; crescendo a medida do volume das jazidas e dos forasteiros
que aportavam a elas.
Quanto mais enriqueciam as localidades e seus
habitantes, mais aladearvam provocando ondas de emigração de portugueses,
bandeirantes e escravos africanos.
Os colonizadores e inicialmente seus primeiros
aliados no trabalho, os índios domesticados, não davam conta dos tijucos e das
minas, era necessário buscar no Oeste do continente africano a mão de obra
necessária.
O Brasil encheu-se de negros cativos da África e os
mineradores levantavam senzalas para abrigar do relento, os negros que
aportavam nos navios negreiros.
Os senhores donos de lavras e terras cultiváveis iam
cada vez mais se locupletando com a mão de obra escrava e a coroa,
beneficiando-se do Imposto do Quinto.
O fascínio do ouro e das pedras preciosas foi tão
grande, que os senhores em determinada época, esqueceram-se de plantar para
comer; pouco importando à Coroa e aos
mineradores, com as conseqüências da fome que grassaria e dizimaria grande
parte do contingente escravo.
A explosão demográfica repercutiu nos problemas
sócio-econômicos; a mineração fácil de ganhos imediatos, ao contrário da
lavoura difícil em terras tão carentes de fertilidade e de difícil manejo.
Os homens do campo trocavam a lavoura pela mineração
e o desastre veio a seguir.
Os preços dos alimentos na escassez fizeram o lavrador voltar ás suas origens do
campo e uma atividade rural fixa e
rendosa, criou uma nova população assentada no solo e amante da mãe terra.
Grandes latifundiários cresceram na atividade
agrícola e pecuária; esta população assentada começou a desfrutar do conceito
de cidadania, atingindo o mesmo status dos donos de lavras.
Ao contrário do faiscador, elemento aventureiro e
instável, hoje aqui e amanhã ali, sem se preocupar com os problemas
comunitários que surgiam aos cidadãos
assentados.
Com esta sociedade renascente na província mais rica
do Brasil, aglutinaram-se povos de raças e nacionalidades diferentes, com
predominância para o branco português e o negro africano; um senhor e dono da
vida, o outro, escravo e submisso ao
primeiro.
À medida que o ouro de aluvião foi escasseando, os
mineradores passaram a extraí-lo do fundo do solo.
D. João VI que reabrira os portos ás nações do
mundo, após a guerra encetada por Napoleão Bonaparte e com a nova visão da terra
onde passara a residir com sua fuga de Portugal por l3 anos, foi obrigado a
incentivar o comércio e a industria.
Em 1.810,
dois anos após a chegada da corte no Brasil, D. João estabeleceu:
O Tratado Comercial que duraria até o ano de 1.827.
A abertura dos portos e a extinção da lei que
proibia a manufatura na colônia, foram as grandes mudanças que de início
beneficiou o Brasil, era também necessário ativar as pesquisas minerais e a sua
exploração, para dar à Portugal as
divisas para seu comércio com os outros países amigos.
Foi exatamente após o período da Independência do
Brasil que nossos antepassados europeus começaram a chegar e criar famílias em Catas Altas do Mato Dentro,
centro de Minas Gerais, entre eles, os EMERYS E OS HOSKENS.
Vindo da Inglaterra, trazido pela Imperial Brazilian
Mining Association em 1.833, com a idade de 20 anos, Edward Hosken fixa
residência inicialmente na Mina do Gongo Soco, terras pertencentes na época á
Vila Nova da Rainha de Caeté.
A empresa inglesa contando inicialmente com 200
mineradores daquela nacionalidade incorpora-se a um milhar de negros escravos
formando na Serra do Gongo-Soco, uma comunidade ativa e produtiva, que durante
30 anos explorou com êxito a mina de ouro.
Em 1.856, um desmoronamento da galeria principal,
determinou o seu fechamento; não havia recursos e condições técnicas para
recuperá-la.
As conseqüências vieram a determinar a sorte dos que
nela trabalhavam.
Se este acidente físico foi determinante para seu
fechamento provisório, a questão política entre o Brasil e a Inglaterra causada
pelo embaixador William D. Christie, em 1.861 encerrou por completo a esperança
de recursos que pudessem chegar ao Brasil via Inglaterra.
Entre as duas centenas de emigrantes ingleses, um
jovem de 20 anos deixou sua terra, familiares, amigos e o conforto de um lar,
para encetar uma venturosa viagem de 11.000 Km., tal como fizera seu pai anos
antes.
Não era o primeiro entre seus familiares que
deslumbrado pela aventura, singrava mares desconhecidos.
Um século antes, seus antepassados colaterais,
descontentes com as perseguições religiosas, deixaram a Inglaterra a caminho do
Continente Norte Americano e poucos anos
antes, de Edward Hosken, seus parentes
mais próximos foram atraídos pela mineração da Mina do Gongo.
Na veia do jovem inglês, além do orgulho britânico,
corria o sangue do espírito da aventura.
A predominância dos habitantes da terra descoberta
por Cabral, era quase inteiramente de:
Índios, brancos portugueses e
negros africanos, tal era o cuidado de Portugal em restringir a emigração de
outros povos europeus.
Graças a D. João VI, abrindo os portos a todas as
nações em 1.808, a miscigenação do povo brasileiro se fez naturalmente; a
principio com emigrantes ingleses, aliados políticos comercialmente ligados aos
portugueses, depois a todos os povos bem-vindos a colonização e ao
desenvolvimento destas terras.
Quando se fala de povos, deixamos de lado os negros,
também formadores do povo brasileiro; ao leitor parecerá injusto o olvido da
raça tão importante a todos nós, entretanto, para segurança da Colônia eles
nada representavam de perigo a Portugal; tanto assim, que os navios negreiros
não pararam de chegar aos portos do Brasil.
Em 1.774 fora de 14.000 escravos
angolenses e minas chegados ao Brasil e 8 anos depois em 1.782, o contigente
subia para 16.000, acréscimo 19% na força de
trabalho escravo arrebanhado na costa da África.
A força formadora do povo brasileiro mesclada de
índios, negros africanos e
portugueses
crescia nas Minas Gerais muito acima do normal em outros territórios.
Aos anos que referimos acima, para uma população de
800.000 brancos, havia
l.500.000
negros; é bom que se saiba que a cultura negra em Minas Gerais e Rio de
Janeiro, era essencialmente de origem Banto ou Conga, indivíduos sul-africanos
chamados também de: Angolas, cabindas, bengüelas, congos e moçambicanos.
Se compararmos a proporção de habitantes na colônia
com a
população
escrava no período áureo das extrações do ouro, chegávamos a cifras de 65% de
negros contra 35% de brancos.
Esta porcentagem aumentava singularmente nas regiões
das minas e dado ao fator, o crescimento da população mestiça que ocorreu em
Minas Gerais.
No início do século XVIII a mestiçagem correu livre,
tendo em vista o menor número de brancas em comparação com os homens da mesma
cor.
A classe alta e média, mesmo européia, mestiçava-se
ao sabor do apetite sexual dos brancos, eles eram os donos e senhores de tudo.
Quando Edward Hosken chegou ao Brasil, principalmente na região da serra do Gongo-Soco,
o número de mulheres brancas era quase nulo, em contraste com o mulherio
escravo.
Ele notara em suas andanças pelas proximidades do
Gongo, que os brancos mineradores eram os proprietários dos sobrados, agrupados
em grandes clãs e donos do universo de empreendimentos.
Quando não eram mineradores, eram fazendeiros
latifundiários com casas montadas na rua para a esposa legítima e outras para
eventuais escaladas no campo, ao longo de suas vidas reprodutivas.
Esta classe de gente governava as câmaras e representavam
os reis distantes em Portugal e no governo das vilas; eram eles que recebiam as
mercês Del -Rei e dos títulos honoríficos.
Também a eles cabia a defesa das propriedades reais
e do território nacional.
Os homens de cor e os naturais da terra ainda não
constituíam grupos sociais com direitos civis.
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