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CAPÍTULO III - COMO NASCEU A HISTÓRIA DE EDWARD HOSKEN


Por volta de l.949, trabalhando na Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, na Usina de João Monlevade, um austríaco chamado Franz, com quem convivia profissionalmente, mostrou-me um periódico editado em língua alemã com a seguinte manchete traduzida:

“ Um inglês solitário, chamado Edward Hosken, abandonado ao sopé da Serra do Caraça, município de Santa Bárbara do Mato Dentro -  MG. ”

No texto o jornalista aventava a hipótese como viera parar em Catas Altas, interior do estado de Minas, o estrangeiro ali sepultado.
Fazia em seu artigo, referências desairosas aos familiares que deixara semi-abandonado o histórico jazigo, que pelas aparências deveria ser de um personagem ilustre; enterrado num dos lugares mais belos que ele vira no Brasil.
O artigo do jornal pertencia ao Franz, e se perdeu nos 47 anos posteriores que separa os idos dias em que fora publicado, entretanto, não mais se apagou na memória de seu bisneto.
Depois de aposentado das lides diárias profissionais, esse escriba começou a receber informações e questionamentos sobre a vida do seu bisavô  EDWARD HOSKEN:
Primeiro foram os sonhos.
Segundo, as estranhas palavras de uma criancinha tataraneta de Edward Hosken, meu sobrinho que dizia:
“- Eu não sou filho do papai e da mamãe que me geraram, mas, de um náufrago desaparecido no mar Atlântico.“
Por coincidência, na história dos HOSKENS desaparecera na migração dos ingleses para a América, alguns de seus familiares com este sobrenome.
Edward Hosken também estava para nós descendentes, quase desaparecido no mar dos nossos conhecimentos.
Terceiro: A coincidência de encontrar em Orlando na Flórida, a história das origens dos HOSKENS sem estar procurando-as.
Quarto: A compra aleatória no sebo, de um livro onde o autor, Richard Burton abordava fatos de encontros com Edward Hosken aqui no Brasil.
Foi através do livro: “VIAGEM DO RIO DE JANEIRO A MORRO VELHO “ que este seu bisneto descobriu o lugar de nascimento de seu avô Carlos Arthur Hosken, coisa que não conseguira nas pesquisas dos batistérios da Cúria Arquidiocesana de Mariana e em Catas Altas.
Coincidência ou não, duas figuras que me despertaram para conhecimento da vida do meu bisavô, tinham o mesmo nome, apesar de grafias diferentes em  duas línguas.
Outros fatos começaram a surgir logo após o engendrar da história de Edward Hosken.



Eu tinha conseguido através do livro: “OS ANTEPASSADOS ‘  da obra histórica e genealógica de Pedro Maciel Vidigal, as raízes da origem da minha esposa Josefina; quando começaram a surgir novas fontes genealógicas,“ DOIS SÉCULOS DOS ANDRADE “ de Ormí Andrade Silva e José Gomides Borges, logo após, a obra: “A VERDADE SOBRE O CALUNIADO BARÃO DE CATAS ALTAS “ de Darcy Duarte de Figueiredo; “ OS POVOADORES DE SERTÕES E AS MINAS DE OURO  “ do padre José Evangelista de Souza.
Com estas fontes preciosas, estavam abertos os mananciais que regaram e deram  seiva à história que tinha em mente desde o ano de 1.949.
Se Amador Bueno deu um pouco do seu sangue aos meus filhos, há outros ilustres antepassados como o índio e cacique PIQUEROBI, chefe da tribo dos Goianases .
Outro bugre não menos famoso, o cacique TIBIRIÇÁ da aldeia de Inhapuambuçú, pai de BARTIRA que gerou a prole dos Camachos e que se casou com um Pompeu, vindo a parir os Garcia-Velhos, Alvarengas, Godoys; troncos tão próximos de nós se levarmos em conta a eternidade, pois antecederam aos  meus filhos apenas 9  ou 10 gerações.
Subindo a escadaria ascendente, a 28 e 29 gerações, meus filhos e netos teriam que tomar bênçãos aos seus antepassados:  D. Afonso Henriques e da sua esposa Dona Tereza, filha de D. Afonso VI,  rei de Leão no longínquo século XII. 
Não é minha intenção povoar a cabeça de meus filhos e netos com minhocas ao começar a ler estas histórias, tendo a falsa ilusão de que são herdeiros do trono de LEÃO e CASTELA ou mesmo da ESPANHA, há pelas minhas contas, 268.435.456 herdeiros primogênitos diretos de D. Afonso; entre eles, possivelmente você e meus descendentes.
Fontes tão ricas de histórias, entretanto perdidas por falta de registros.
Veja meu caro leitor, como é bom pesquisar e sonhar...
Das misérias de nossas aposentadorias, sonhamos que nos idos tempos de antanho, tivemos um dia nobreza em nosso sangue...
- Sangue azul perguntará você?
- Sangue vermelho, muito vermelho da nossa raiva contida por ser tão nobre e os institutos previdenciários como o INSS, nos tratarem tão ignobilmente!!!
Vamos deixar os institutos com suas incúrias e desmandos e vamos contar fatos e histórias, que deixarei como lembranças de meu bisavô EDWARD HOSKEN.
Sem nenhum conhecimento da  vida deste inglês, antes de aposentar em 1.977, comecei a pesquisá-la, tentando trazer a tona, fatos que dissessem algo sobre sua vida que me era completamente desconhecida.
Para o bisneto de EDWARD  HOSKEN, quando começou a  escrever sobre sua vida, ele era até então,  o único HOSKEN chegado ao Brasil numa louca aventura.
Como  poderia ter ficado  esquecida sua vida durante tanto tempo?
Quando Edward Hosken faleceu em 1.892, minha mãe  sua futura neta, ainda não era nascida e sua avó, Maria Magdalena Mendes Campello Hosken, sobrevivera ao nascimento dela, apenas 5 anos.
Pouco ou nada lembrava Adélia Hosken Ayres da vida de seus avós paternos, entretanto, passara ao filho Carlos Hosken Ayres, alguns dados importantes do que ouvira dizer sobre eles.
A convivência dos bisnetos de Edward com seus dois únicos filhos que permaneceram  vivos em Catas Altas, fora sempre de estreita ligação e de um afeto pouco comum.
Entretanto, Carlos Arthur Hosken e Anna Eugênia Hosken, nunca que eu me lembre, nos passaram fatos de seus pais, particularmente do inglês, que seria motivo de curiosidade de qualquer descendente.
Ser filho de quem era, motivaria orgulho e despertaria curiosidade para conhecer a vida de um antepassado que deixara a Inglaterra por volta de 1.830, para viver nas distantes terras das Américas.
Intrigado com o desleixo e o olvido da figura que para qualquer família seria de extrema vaidade e que chegara a intrigar um jornal publicado em língua alemã em São Paulo, no  ano de 1.949.
Naquela data, apenas 57 anos eram passados da sua morte e o jornalista pouca ou nenhuma informação obtivera em Catas Altas sobre Edward Hosken, enterrado no adro atrás da capela de Santa Quitéria.

Ver anexos nº  14 e 15

Haveria fatos que seus descendentes ali residentes, quisessem esquecer ou apagar da memória?
Seria por acaso uma discriminação religiosa?
Ou seu gênio como mais tarde seus descendentes propagaram para os familiares na zona da Mata; chegando um dos seus bisnetos a comentar aos meus ouvidos, que ele chegara a colocar fogo na casa onde residia em Catas Altas.
Fatos que denegriram a sua imagem foram divulgados certamente pela inimizade que arranjou com o vigário, depois de se negar a ser batizado como prometera para se casar. 
Ou quem sabe, outra causa que constrangia os familiares e a sociedade intransigente e fechada do século XIX.
Qual o motivo que o casamento de Edward e Maria Magdalena fora feito na capela residencial do vigário, ao lado da matriz de Nossa Senhora da Conceição e não na bela matriz?
Por que, ás l9 horas numa localidade onde faltava na época, claridade suficiente para uma cerimônia tão importante como aquela?
Tratava-se do casamento da filha de uma das mais importantes figuras de Catas Altas!
Thomé Mendes Campello, o pai da noiva era Guarda-Mor!
Catas Altas estava em festa naquele dia oito de dezembro de l.848, comemorando o dia da padroeira e era natural que a vila se engalanasse com o casamento da  filha de tão  ilustre figura pública.
Na pálida celebração das bodas na residência do padre Francisco Xavier de França,  ninguém da família como testemunha como prova o documento.
A benção matrimonial só seria dada no tempo competente...
Para somar as intrigantes interrogações da minha compreensão,  meu pai Arlindo Ayres, quando professor em Catas Altas, tivera que repreender severamente alguns predadores do túmulo de Edward Hosken, o que é visível os estragos ainda hoje.
Quando se escreve, a imaginação cria fatos e colore com matizes fortes as histórias há tantos anos  passados e que deixaram poucos  registros.
Por sorte de muitas famílias, existiram pessoas que registraram fatos na memória como contadores de histórias, coisa muita comum antes do  advento do rádio e depois da televisão.
E nisto, os Hosken Ayres foram muito felizes, pois herdaram de uma pessoa muita querida por eles, as mais belas histórias de seus antepassados, além dos Contos da Carochinha.
Falo de uma pessoa que nos encantava por sua graça e palavras mágicas:

Da querida e saudosa tia ROSA...
A ex-escrava criada em casa dos nossos bisavós, Raimundo Gonçalves Viegas e Antônia Marcolina Ferreira, ( Dindinha Totó ).
Tia Rosa que chegou a se casar com o preto Leandro, ficou viúva muito cedo para felicidade ou infelicidade dela;  voltando ao antigo convívio da família  onde fora criada inicialmente como escrava.
Criada junto de Francisca Viegas Ayres, foi morar com ela quando Chiquinha se casou com o viúvo João Martins Ayres.
Aos enteados de Chiquinha, foi apresentada como tia e assim era chamada pelos filhos do primeiro matrimônio do comerciante, João Martins Ayres e posteriormente pêlos filhos do segundo casamento e sucessivamente pêlos netos.
Tia Rosa que gostava de histórias, não deixaria de lado tão saboroso prato de um mexerico, que se fosse verdade, levantaria até defuntos sob as tábuas da igreja matriz.

  As hipóteses aventadas do que sucedeu ao casal: Edward e Magdalena ao se unirem da maneira que aconteceu, merece um estudo mais apurado; a sociedade omite fatos quando eles desabonam ou ferem uma família tradicional.
Tia Rosa morava em São Francisco, um pouco distante de Catas Altas e nem tinha convivência com os Hoskens; mas a repercussão dos atos intrigantes  de tudo que se passara no arraial de Catas Altas durante uma geração, ficariam marcados na mente de qualquer contemporâneo, principalmente da tia Rosa a contadora de histórias.

Alguns familiares contestam a versão que dou ao texto, no que se refere ao casamento dos meus bisavós da maneira que narro em  8 de dezembro de 1.848.
Fica para você meu leitor, aceitar as hipóteses e a versão aqui contadas.
Se não conformar com elas, faço um desafio aos descendentes para descobrirem a versão verdadeira; talvez neste desafio, eu encontre a maior razão por ter escrito a vida de quem até então, era um ilustre desconhecido.
Eu não posso ressuscitar Edward Hosken do seu túmulo, mas posso e tenho a obrigação de querer conhecer ainda mais o que está oculto sob a nuvem do passado.
Os frutos desta obrigação começaram a amadurecer, através do pouco que sabíamos sobre ele e começamos a juntar os elos separados há tantos anos.
Os HOSKENS com maior concentração em Carangola, Tombos, Belo Horizonte, Curitiba, Londrina, São Paulo, Vitória, Santa Bárbara e Catas Altas,  já começaram a se interessar sobre a vida do nosso antepassado inglês e querem formalizar o primeiro encontro da família, exatamente no lugar onde nasceu o belo romance entre EDWARD  e  MARIA  MAGDALENA.

Neste dia, muitos virão a conhecer o lugar onde nasceu suas origens e certamente EDWARD E MAGDALENA  estarão espiritualmente presentes, para sentirem o sabor dos frutos que geraram.

E eu direi que valeu a pena ter escrito estas páginas, para que todos os seus descendentes, saibam a razão porque vivem... 

Seus restos mortais separados, obriga-nos a repensar sobre os valores da vida em função da morte; ás discriminações religiosas do passado, nos choca e nos magoa por sabermos que, apesar de enterrados numa mesma localidade, seus corpos foram separados e enterrados em  locais diferentes.

Será que as palavras proferidas pelo oficiante na cerimônia do casamento, não ecoaram como era devido?
Quem estava presente ao ato da união do casal ouvira perfeitamente da boca do sacerdote:

 “Você Eduardo, você Maria Magdalena, estão unidos para sempre, e o que Deus uniu, jamais seja desunido...”

8 comentários:

  1. Seu bisavô muito provavelmente não era católico, era um Judeu.

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  2. Que historia boa. Estive em Catas Altas, em 19/08/18, e fiquei bastante curioso em saber quem teria sido aquela pessoa enterrada naquele unico tumulo da igreja de Santa Quiteria.

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  3. boa tarde , achamos um " fio de meada " que " PODE " ( eu disse PODE ) conectar a história de Edward Hosken junto com outros " imigrantes " entre eles alemães ( pomeranos ) que se instalaram na localidade de " Rodeio " atual Miguel Burnier distrito de Ouro Preto PROVÁVELMENTE as histórias se conectam .. tenho que saber o período de Edward em Catas Altas ( acreditamos que chegou aqui antes de 1700 ( a confirmar ) qto ao austríaco q trabalhou em joão Monlevade há grande chances de se " Franz Dobsha " caso seja ele mesmo , era avô de minha falecida esposa ( Vera Lucia Dobsha Dell'isola Gottschalg ) existe em Miguel Burnier distrito de ouro Preto uma capela dedicada a Senhora da Conceição do Alemães ( 1730 ) onde a serra leva o mesmo nome ( IBGE informação oficial ) e o córrego também ... estive em Catas Altas e visitei o túmulo do Edward Hosken , mas esqueci de registrar as datas , a única referência sobre estrangeiros nesse período ( referências de minha região ) foi feita em 1940 pelo Padre Marcellino Braglia ( italiano de nascimento ) Pároco de cachoeira do campo distrito de ouro preto e depois pároco de Miguel burnier no período da usina WIGG ... , continuamos as pesquisas um grande abraço. Artur Gottschalg ( arturgott338lapua@gmail.com ) Conselheiro Lafaiete 23/01/2020 .

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  4. Edward Hosken faleceu em Dezembro de 1882.

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  5. Agora, com a pesquisa que está fazendo meu primo Francisco Samuel hosken,saberemos muito mais coisas sobre a origem de nossa mamília.Maria Elisa
    Ferraz Paciornik

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  6. Será que encontrei o meu ancestral inglês?

    A história de Edward Hosking, nascido em 30/05/1813, Helston, Cornwall, England, United Kingdom, passou a ter especial interesse para a família Coutinho pela coincidência de informações alimentadas pela tradição oral e muitas suposições de várias gerações que há anos alimentaram e nos estimularam na busca pelo nome de nosso possível trisavô inglês que tivera um filho natural com uma mineira. Mesmo sabendo que a nossa descendência tivesse se dado por união não estável, nunca entendemos o porquê de tanto mistério e da ausência dos usuais documentos probatórios, mesmo que no período colonial fossem feitos pela igreja católica.
    Com o advento dos exames de DNA, vislumbramos uma chance de encontrar uma solução e de finalmente poder conhecer esse ramo de nossa origem e bater o martelo e assim satisfazer o desejo natural de conhecer nossas origens, sejam elas dignas, bonitas ou não. Até entendo que a família oficial não queira se responsabilizar por repassar informações à família paralela.
    Comparando-se as fotos de meu avô José Maria e meu tio-avô Francisco José Coutinho com a de seu possível avô Edward Hosken vê-se a incrível semelhança entre eles, todos foram louros, muito brancos e de olhos verdes azulados. Pena que não possa anexar as fotos.

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