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CAPÍTULO XIX CASAMENTOS DENTRO DAS MESMAS FAMÍLIAS



Da convivência inocente entre primos, que nascera nas aulas de Maria Magdalena Mendes Campello Hosken, crescera entre Carlos Arthur Hosken, (Totó) e Magdalena Pereira da Cunha, (Nhanhá) uma simpatia mútua que anos mais tarde os levariam ao altar.
Desde criancinha, na casa de seus avós: Thomé Mendes Campello e Rita Benedita, os meninos já brincavam juntos amparados pelos olhos vigilantes  da vó Rita e das mu cambas da família...
Se o avô Guarda-Mor era fechado e bravo, a avó era toda cuidados com os netinhos que iam buscar na despensa da sua casa, as gulodices que as mães negavam fora do horário.
Cheios de filhos e netos, o solar do Guarda-Mor era o paraíso dos meninos que tinham na velha Nhana, uma aliada para toda sorte de extrapolias que os netos tinham o direito de fazer.
As atrapalhadas aumentavam, quando o tio Antônio e Policena, vinham de Santana de Trahyras as margens do Rio das Velhas, para visitarem os pais e familiares de Catas Altas.
Filho a distância, é como diz a bíblia: Cordeiros tresmalhados que necessitam mais cuidados dos pastores...
Quanto mais cuidados, mais direitos achavam que tinham os meninos que viviam distantes dos parentes dos sertões das Minas Gerais.
Eram tantos os netos e primos entre eles, que o avô já não dava conta de seus nomes e de quem eram filhos...
Trocando nomes e até os pais, a meninada achava que o avô já estava caducando no peso dos anos.
A convivência dos primos sob um mesmo teto dos avós gerava simpatias que mais tarde estreitava ainda mais, os laços dos Mendes Campellos, Pereiras da Cunha e Hoskens.
Totó e Nhanhá não negariam o sangue e o hábito familiar, como não negaram os irmãos dos noivos: Maria Magdalena Hosken Júnior e João Pereira da Cunha, que se casaram 5 anos antes.
Quando os casais eram meninos, cursaram a mesma sala de aula, pois naquela época, a escola englobava todas as classes sob a orientação de uma única mestra.
Era duro para os veteranos, ouvir a cantilena repetitiva do B + A = BA dos novatos da escola, mas não havia jeito naqueles tempos de separá-los por classes.
Crescendo amigos e colegas, pela simpatia da mestra que também era mãe de um e tia de outra, os sentimentos de afeto iam avolumando-se.
Carlos Arthur e Anna Eugênia moravam com os pais no casarão que fora da Companhia do Pitanguy, no fim da rua de cima e Nhanhá na praça da matriz, bem no centro do arraial; famosa por ser conhecida como: “Casa do Adro”.
Com a casa da Mineradora quase caindo, os filhos estavam erguendo para o inglês, uma nova na ladeira que dava acesso à praça da matriz.
Pronto o chalé, o velho inglês teimava em não mudar e como gato apegara-se ao casarão onde viveria seus últimos anos.
Perto estava a igrejinha de Santa Quitéria, de tão doces recordações e também o Pitanguy e Morro d’Água Quente, onde minerara para a Anglo Brazilian e depois para a Mineradora do Pitanguy, até o ano de 1.887.
Sentindo que o velho teimava em não mudar, os filhos consertaram por conta própria o casarão e ali ele ficou com Magdalena e Niníca, até seus últimos dias de vida.
Totó e Nhanhá iriam morar na casa construída pelos filhos do inglês, até que o retiro ficasse inteiramente pronto.
No dia 10 de outubro de 1.881, os sinos da matriz anunciavam um casamento e o templo encheu-se de parentes e amigos dos noivos.
Como  era do costume em Catas Altas, o tempo da duração do  repicar festivo dos sinos, condizia com  a importância de quem iria se casar.
Os sacristãos sineiros ganhavam pelo tempo que acionavam as cordas dos badalos.
Bancos tomados,  e gente sobrando pelas laterais e fundo da igreja.
Flores nos altares e na passarela da nave por onde em procissão passariam os noivos e os convidados de Carlos Arthur Hosken e Magdalena Pereira da Cunha; membros dos maiores troncos de famílias do lugar, os Mendes Campello e Pereiras da Cunha.
De ternos completos na cor escura, camisas brancas de colarinhos engomados, os irmãos vindos especialmente de Carangola, desfilavam como se usassem uniformes, tal a semelhança da roupagem e elegância como voltaram a Catas Altas depois de tanto tempo.
Do lado da família da noiva os Pereira da Cunha sabedores como vinham os futuros cunhados da irmã, exibiam uniformes da Guarda Nacional, com todos os alamares que comportava o uniforme oficial.
O pai da noiva, capitão Vicente Domingos Pereira da Cunha e seus filhos  raras vezes tinham a oportunidade de se exibirem naqueles trajes; quando podiam faziam com todo esmero.
Não bastasse a alegria provocada pelo casamento, os meninos do inglês, estavam de retorno a Catas Altas, demonstrando com suas presenças, que valera a pena a mudança para a terra prometida...
Niníca não precisava preocupar-se com o par que a acompanharia, um dos 5 irmãos certamente a conduziria de braços dados no cortejo até a igreja...
Dois cortejos distintos se encontraram no adro da matriz  o que vinha de Santa Quitéria e o que saia da casa da noiva.
Como era belo, o festejar das famílias os enlaces de seus filhos!
Em ambos os séquitos, o foguetório acompanhava o noivo e a noiva, por onde passavam.
E aumentava ainda mais, quando no largo da matriz as famílias se encontravam; todos os sinos das torres repicavam ao mesmo tempo...
Como no interior da igreja, havia os bancos familiares em 2 alas, as famílias continuaram separadas, pois dentro das igrejas antigas, as famílias assentavam-se em seus próprios bancos, exatamente nos lugares mais próximos onde estavam enterrados  seus parentes mais queridos.
Privilégio que somente os ricos gozavam nas igrejas...
O noivo ante os degraus da escada de acesso ao altar, esperava a noiva ao lado dos seus pais.
Edward Hosken, poucas vezes entrara naquela igreja, objeto da atenção geral dos presentes; pois havia a crença geral de que ele nunca entrara em templos católicos...
Apesar da amizade da esposa e filhos com a pessoa do vigário, ele não se sentia amigo, pois havia uma diferença entre eles...
Para os padres e a população em geral, era inconcebível o procedimento religioso do inglês, afastado da igreja.
Para ele que nascera anglicano, o absurdo seria mudar de crença para contentar os que implicavam com a sua fé religiosa...
Os filhos sempre tiveram a liberdade de escolherem o caminho religioso; resultando nesta concessão que, uns seguiram a fé paterna, outros a da mãe católica.
Nas cerimônias religiosas, as irmandades compareciam com suas vestes e símbolos e os pais, da noiva ostentavam as opas da venerável irmandade do Santíssimo.
No imenso largo da matriz, uma multidão aguardava a passagem dos noivos, para em seguida, também acompanharem a comitiva.
Corcéis com arreios e selas enfeitadas com adornos de ouro e  prata, mostravam que ainda chegando o findar século XIX, os herdeiros dos mineradores,  guardavam o fausto de uma era passada.
O pai da noiva, o tenente da Guarda Nacional;  Vicente Domingos Pereira da Cunha, ostentava por baixo da opa vermelha, o seu uniforme de gala na cor azul, com as dragonas e os alamares  de ouro.
Era principalmente nestas festas, que os jovens encontravam seus futuros pares.
Havendo casamentos com a presença da melhor sociedade, havia os encontros dos moços onde os flertes atraiam  simpatias.
Daí surgir nas mesmas famílias, os casamentos entre os primos ou os novos parentes, era o caso dos nubentes que se casavam naquele dia.
Logo que a menina entrava na puberdade, os pais procuravam alicerçar as alianças, antes que o “Cupido” fizesse por sua própria conta.
Não era o caso de Carlos Arthur Hosken e Magdalena Pereira da Cunha, pois desde meninos se sentiam atraídos por uma forte simpatia.
O casamento por amor, vinha da convivência de ambos desde criança, nos quintais dos avós e tios, depois na escola.
As famílias além dos laços fraternos tinham em comum uma aliança que também os uniam: A Guarda Nacional de cunho militar.
Assim como era chique e um dever cristão pertencer às irmandades religiosas, também era importante congregar-se a Guarda Nacional de natureza patriótica.
Foi graças a esta corporação, baseada por inspiração francesa  e fundada após a Independência, que se formou no Brasil e especialmente em Minas, uma casta hierárquica organizada.
Dai nasceram os títulos e as patentes dos Tenentes Coronéis, Coronéis e Capitães...
As famílias que se uniam através de Carlos Arthur e Magdalena, neste casamento de 10 de Outubro de 1.880, ostentavam os seus pais, os títulos de patentes históricas.
O noivo, filho de capitão de mina, a noiva, filha do tenente da Guarda Nacional.
Com as patentes incorporadas ao nome, o prestígio social crescia e dai vinham as alianças matrimoniais, os compadríos e as simpatias partidárias na política vigente.
Quando faltava amor nas alianças dos filhos se casando, havia o interesse e o prestígio por trás dos casamentos tramados.
Quando os consórcios por interesse sociais traziam os desencantos após os sucessivos partos, as mulheres encontravam prazer no criar de seus filhos,
E os maridos, nos braços de suas escravas ainda púberes.
As próprias mães escravas incitavam as crias ao charme e as seduções aos sinhozinhos.
Pego na arapuca e fascínio do “xibiu” virgem, Nhô tornava-se mais sensível aos apelos das escravas amantes...
Na casa grande, com l5 anos as meninas se casavam e aos 30 já eram matronas acabadas aos olhos de seus esposos.
O século XIX também envelhecia e com ele, os hábitos e costumes sociais que ficariam para trás, após a Abolição da Escravatura.
A pobreza gerada com a Guerra do Paraguai e a conseqüente repressão econômica da abolição em 1.888, colocara  os negros a sabor das especulações do poder de quem tinha dinheiro.
Pela Lei Áurea, acabara a escravatura, pela lei da fome os escravos livres continuaram amarrados aos seus antigos senhores.
O senhor já não tinha tanta força para mandar e o escravo a obediência a prestar.
Os latifúndios e casarões antigos iam perdendo sem a força do trabalho escravo, o encantamento da arte da construção barroca.
O status declinava com a falta da produção e do dinheiro que ela gerava.
Se na época da escravidão, a arquitetura barroca deixava a desejar no aspecto comodidade higiênica, o que não estavam passando os senhores escravocratas no período de transição entre a Abolição e a Nova República?
Os hábitos teriam forçosamente que mudar; não havia mais o escravo para carregar os dejetos dos urinóis e das escarradeiras, derramados pelos sinhosinhos; era necessário um anexo planejado junto da casa para comodidade da família.
As louças inglesas da higiene, (bacias, escarradeiras e pinicos) talvez custassem quase tanto, quanto os novos sanitários de louça com água encanada.
A Abolição da Escravatura apanhou o filho do inglês, Carlos Arthur, em plena atividade da construção de sua futura propriedade.
Fazia-se necessário modificar seus planos no projeto da casa do retiro, a mão de obra dependia do trabalho remunerado e a fábrica planejada da vinicultura, teria que ser operada por empregados assalariados.
A falta de recursos obrigava a Carlos Arthur, a cortar ou improvisar cômodos e prescindir de coisas tão importantes, como água encanada em toda a casa.
Menos onerosa, para seus parcos recursos, a guarita higiênica ficaria sobre o rego da  água de serventia que correria por baixo em vala aberta.
Simples, menos complicada e custosa, ela serviria durante algum tempo, até que a situação financeira permitisse sua construção junto da casa.
Se, faltava água encanada dentro do casarão, não faltava mananciais nos regos e córregos da propriedade.
Para os homens e a meninada, os banhos nos riachos dispensariam o conforto das banheiras e os pinicos, o conforto das latrinas.
Aos mais velhos, as gamelas e as bacias serviam aos banhos corporais e a guarita do quintal, as delivranças pessoais...
As bacias eram tão numerosas, que antes de se deitar, cada pessoa ia lavar os pés sentados no banco sob a prateleira da cozinha e enquanto descansava os pés na água morna,  fazia sua última alimentação do dia.
As tigelas de louças eram conduzidas pelas negras livres, o mingau, o leite fervido na raspa do angu e os biscoitos das fornalhas semanais.
O ritual reunia todas as noites os familiares para abluções do rosto, pernas e pés, coisa encantadora no último encontro do dia.
Enquanto se lavavam, aproveitavam o encontro noturno para recomendações dos afazeres do dia seguinte.
Ali se fazia o planejamento das tarefas a realizar; também as reprimendas para que não se repetissem as coisas mal feitas...
Relaxando os pés no pedilúvio do sono, ele não demorava a chegar nos colchões de palha e travesseiros perfumosos da macela.
As crianças não sabiam por que as matronas não se juntavam ao lava-pés, preferindo a intimidade de seus quartos, para fazerem as higienes.
Somente depois de mais velhos, compreenderiam a importância do “chape-chape” nas bacias; últimos barulhos que se ouviam antes que o sono chegasse.

Com a libertação dos escravos a construção das obras do retiro atrasou e na primeira moradia de Carlos Arthur e Magdalena Pereira Hosken, em Catas Altas, nasceram:

Emídia Adelaide Hosken, em:...........................................  05 - 10 - 1.884.
Cloves Hosken, em:............................................................  07 - 10 - 1.887.
Cledes Hosken, em:.........................................................… 20 - 07 - 1.890.
Godofredo Hosken, em:...................................................... 13 - 02 - 1.892.
                                                        
Depois do nascimento de Cloves; com a Proclamação da República em l5 de novembro de 1.889, a Monarquia dava lugar à República e importantes acontecimentos históricos marcariam a vida política e social do país.
Catas Altas que sofrera  com  as conseqüências do esgotar do  ouro, voltava a ser abalada pela liberdade dos escravos.
A devastação do solo causada pelas minas voltava a penitenciar a terra sem a mão de obra escrava.
A pobreza em que ficaram os senhores escravagistas, tanto mineradores como os fazendeiros de grandes latifúndios, anestesiara a imaginação e Catas Altas, abatida e inoperante, sucumbia ao desalento.
Uma nova perspectiva econômica teria que se abrir ao arraial do ouro e foi no espírito renovador do padre Manuel Mendes Pereira de Vasconcellos, que chegou a luz que faltava.
O sopé da Serra do Caraça, iluminado pela clarividência do padre Mendes, partiu para a redenção econômica, enveredando para o campo.
Renovadas idéias, pregadas há 1.800 anos antes pelo homem de Nazaré, chegaram ao povo francês dando a “Igualdade e a Fraternidade” um século antes.
A justiça ao homem de cor, só chegara ao Brasil, 100 anos depois da Queda da Bastilha. 
O ato da Abolição proclamado pela princesa Isabel, iria por sua própria natureza derrubar  o regime monárquico que seu pai e avô  enfaixara por tantos anos.
A Abolição da Escravatura não era só um ato de justiça, era também um golpe contra o próprio regime vigente.
As forças conservadoras onde se apoiava o imperador, sentiram-se traídas com a perda da força do trabalho escravo.
Sem base do apoio popular e enfraquecido por um Ministério Misto de Conservadores e Liberais Republicanos, a monarquia ruiu sob o peso dos anos de D. Pedro II.
Aos 63 anos de idade, doente e sem a visão do que ia por trás das artimanhas políticas, foi perdendo as rédeas de governo.
Tanta fé depositava ele, o imperador, em seu povo e nas instituições...
E o que foi acontecer no dia 15 de novembro de 1.889 ao despreocupado imperador,  exercitando sua arte literária, escrevendo dois sonetos?
O monarca confiava em seu povo muito amado.
Nas primeiras horas do dia l7 de novembro, madrugada ainda, fora acordado já destronado e intimado a deixar o país.
Desperto pelo tenente-coronel, João Nepomuceno de Medeiros Mallet, assusta-se com a notícia da destituição e do exílio que teria que tomar.
A Nova República reservava á família imperial um hediondo suplício: Deixar em poucas horas as terras do Brasil...
Terra em que nascera bem como os filhos; terra que seu pai libertara, apesar de português.
Debaixo de uma chuva fina, a família imperial foi embarcada sem alguns dos filhos.
Pedro de Alcântara, Luís Felipe e Antônio Pedro, meninos contando respectivamente, l4, 11 e  8  anos.
Os meninos gozavam férias no palácio de Petrópolis.
Além da perda do trono, tinham a desdita de serem obrigados a deixar os filhos.
Sem saber como poderia retomá-los; os pais sofriam as incertezas do que poderia acontecer a eles...
 D. Pedro de Alcântara que passara pelo golpe de se separar de seus pais aos 6 anos de idade, estava na iminência de pela segunda vez, sofrer o mesmo trauma...
Por compreensão de políticos mais sensatos, os filhos foram apanhados na serra de Petrópolis e entregues aos pais, para seguirem juntos para a Europa...
Com 57 anos no poder, sempre dedicado à nação, Pedro de Alcântara sacrificara a infância e a juventude para cumprir a missão que o destino lhe dera.
Como sempre, a ganância do poder dos políticos era maior que a sensibilidade ao dever da gratidão.
A impunidade ao arbítrio dos republicanos, não ficaria esquecida com o passar do tempo.
A própria política dos primeiros anos da República, vingaria o ato irreparável a um dos maiores brasileiros da sua história.
D. Pedro II não pensava assim, ele amava profundamente a terra de Santa Cruz.
Como prova de seu amor, levou para seu exílio um punhado da terra, o bastante para fazer o travesseiro onde dormiria o seu sono eterno...
A invalidez do Imperador nos seus últimos anos de governo; diabético e sofrendo o impaludismo, obrigara ao monarca a despachar os atos imperiais, com sua filha a princesa Isabel.
Ela casada com o príncipe francês, Gastão de Orleáns, o conde d’Eu, não simpático ao povo e ao exército, concorria para que a República viesse mais cedo do que se esperava.
O conde d’Eu era tido como avarento e presunçoso, apesar de seus serviços prestados ao exército brasileiro como militar.
Tudo conspirava contra o império.
O gabinete imperial não se preocupava com os discursos inflamados de Rui Barbosa contra a forma de governo.
As leis fazendárias, o aumento da circulação do dinheiro, a proteção da lavoura, o apoio ao comércio, pareciam medidas eficazes contra a onda de descontentes republicanos.
Naquele ano, comemorava festivamente os 100 anos da Revolução Francesa; os estudantes faziam da sua lembrança, um estandarte contra o Império.
A falta de um Ministério com um pulso firme para debelar os males que nasciam, alastrava-se com a lembrança da Abolição da Escravatura.
A sede do governo na maior cidade do país sofria influências de uma minoria ambiciosa do poder.
Na região da Serra do Caraça, como no interior em geral, Sua Majestade gozava da simpatia e apoio irrestritos.
O respeito e amor do povo humilde do interior de Minas fora demonstrado na visita que D. Pedro II fizera a Minas em l.881.
No Caraça, todos se lembravam da admiração do casal imperial pelas belezas naturais, se esquecendo das ingratidões humanas.
Ao lado dos padres e dos 300 alunos, ele revigorava e sentia prazer em debater com os padres vicentinos e seus alunos.
D. Pedro se informava de tudo e queria saber como ia o ensino do estabelecimento, sabatinando os alunos.
Um deles, o seminarista Rodolfo Augusto de Oliveira Pena discorria sobre os poderes:
Civil e Religioso.
Em dado momento da dissertação o estudante declarara que:
- Entre dois poderes paralelos, o eclesiástico era superior ao civil.
D. Pedro não concordou com a afirmação que o aluno deveria ter extraído dos livros ou das aulas.
Levantando-se da cadeira onde se encontrava sentado, rebateu o que ensinara os padres.
Padre Chavanat socorreu ao aluno dizendo que nas questões mistas, a decisão cabia à Igreja.
A reação do monarca foi imediata, surpreendendo aos alunos e ao padre superior que teve que desviar o assunto, sabatinando outros alunos
Sempre preocupado com a instrução do povo, ele ao partir deixou a seguinte frase registrada nos anais do Caraça:
- “Se não fosse Imperador, gostaria de ser mestre-escola...”
 Por volta de 1.890 no advento da República, o inglês E.M. Touzan que residia no Brasil arvorou-se como dono da Mina do Gongo Soco e partiu para Londres com o intuito de fundar o Sindicato: “BRASILIAN GOLD EXPLORING SYDICAT LIMITED”.
Com sua habilidade, tentava reclamando na Justiça, os direitos de lavras que já havia extinguido e que se associando aos senhores:

LOOT, OCCAR, GRINLE e JOÀO EVANGELISTA REZENDE; que  buscavam como procuradores do Sindicato, o direito da reintegração de posse.
Era o fim definitivo; fechava-se a história da exploração do ouro em Gongo Soco e Catas Altas...
Restara no mesmo subsolo, as ricas jazidas de ferro a serem exploradas no futuro século XX e encerrava a mais bela página de uma época de OURO...
Sem a atividade geradora de riquezas e trabalhos que o ouro proporcionava, o arraial ficou confinado as escassas produções rurais da agricultura e pecuária.
Os forasteiros aventureiros que buscavam o ouro partiram deixando no arraial, as poucas e tradicionais famílias.
Os jovens convivendo no limitado e fechado meio rural, acabavam se unindo aos vizinhos e parentes da comunidade.
Algumas como: Os Campellos, Alves da Silva, Pereiras da Cunha, Fonsêcas Magalhães, Emerys e Hoskens, encontravam nos primos a solução amorosa para constituírem suas famílias.

Assim se uniram os parentes:

Antônio Alves da Silva e Anna da Fonseca Magalhães,
Fernando Mendes Campello e Maria Magdalena Ferreira,
Ovídio Baptista Pereira e Maria Rita Hosken,
João Pereira da Cunha e Maria Magdalena Hosken Júnior,
Carlos Arthur Hosken e Magdalena Pereira da Cunha,
Domingos Pereira da Cunha e Maria Rita Emery.

Hábito que se tornaria comum através das gerações posteriores.
Catas Altas era um arraial de grandes dimensões e povoado por uma só família, pois todos tinham laços de ligações entre eles...     

  







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